Corolianus: a estréia de Ralph Fiennes na direção

O Festival de Berlim sempre faz com que a cerimônia do Oscar pareça ainda mais ultrapassada do que já é. É que, logo após o Sundance, é na Alemanha que alguns destaques do ano começam a surgir. Em 2011, pelo visto, será a adaptação da difícil peça de Shakespeare, Corolianus, dirigida e estrelada por Ralph Fiennes que será o destaque da crítica.

Fiennes, descoberto pelo cinema americano em A Lista de Schindler (sua primeira indicação ao Oscar), estrelou sucessos como O Paciente Inglês (outra indicação) e O Jardineiro Fiel (terceira indicação como melhor ator), mas nunca se afastou de sua principal paixão: o teatro.

Vencedor do Tony de Melhor Ator pela remontagem de Hamlet (bem antes da versão de Jude Law), há onze anos ele montou em Nova York uma ousada versão de Corolianus e Ricardo II, alternando os dois difíceis papéis em uma curtíssima (e concorrida) temporada de tirar o fôlego. 


A peça conta a história de um orgulhoso e terrível general que se sente injustiçado por Roma, e, por isso, planeja uma sangrenta vingança que tem consequências violentas e dramáticas. Eu vi Fiennes interpretando Corolianus e já era fã. Depois da montagem sei que há poucos atores com a mesma presença de palco, magnetismo, talento e beleza singular que consegue fazer de um texto árido, poesia. 


O ator nunca escondeu sua (quase) obsessão pelo papel. Tanto que, para sua estréia atrás das câmeras, decidiu partir para o desafio máximo de filmar uma das peças mais difíceis do bardo inglês e mais do que isso: contextualizá-la em tempos atuais. Mesmo com todo talento, poderia ser uma piada. Pela reação dos críticos ele acertou na mosca.


No teatro, Fiennes dividiu o palco com o ator Linus Roache, cuja descrição equilibrava sua força como Corolianus. Nas telas, Roache foi substituído pelo escocês - ora bufão - Gerard Butler, que, segundo falam em Berlim, dá conta do recado muito bem, obrigado. 


O nome de Butler, em alta no mercado americano, é sinal de bilheteria para o filme, algo que Fiennes - nas escolhas que fez até hoje - raramente levou em consideração ou prioridade. Muito sangue e espaço para outras estrelas renomadas do teatro britânico, como Vanessa Redgrave, são outras atrações do filme.

Ainda é cedo para sonhar vê-lo em circuito porque ainda tem Cannes, Veneza, Toronto... e jogar o filme tão cedo no mercado americano é esgotar as chances de prêmio, algo que a distribuidora Miramax não costuma fazer.


Bom é saber que Ralph Fiennes está de volta ao circuito: este ano ele reaparece como o terrível Voldemort em Harry Potter e as Relíquias da Morte, mas será com Corolianus que ele provavelmente voltará ao Kodak Theatre em 2012 para mais indicações ao Oscar.

A esperar!




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