Neurótica romântica: a heroína predileta do cinema americano

Há uma personagem no cinema americano que - entra ano, sai ano - nunca sai de moda: a neurótica romântica. De Katherine Hepburn até Diane Keaton, algumas, como Keaton, até ganharam Oscar pelo tipo. Nos últimos anos, o trono foi ocupado por Sandra Bullock, Jennifer Aniston, Sarah Jessica Parker e mais clássica de todas: Meg Ryan. Como todas da lista já passaram da casa dos 40, o espaço vem sido ocupado por Katherine Heigl, quase sem concorrência. 

Em seus cinco último filmes ela interpretou seguidamente o mesmo papel: o de uma jovem romântica, levemente neurótica e controladora, mas divertida e simpática, que ao fim, consegue o príncipe que sempre sonhou para ser feliz para sempre. 

Ela deveria prestar muita atenção ao que aconteceu com Meg Ryan, rainha absoluta das neuróticas agradáveis mas que nunca conseguiu mudar de papel, apenas de penteado de um filme para outro. Mesmo quando apelou para sexo e nudez no filme de Jane Campion, num ousadíssimo adeus às boas moças que interpretou uma vida inteira, Ryan conseguiu convencer. Já era tarde. Hoje as pessoas só lembram dela devido às inúmeras plásticas que acabaram por quase deformar seu rosto.

Outro exemplo para Heigl é mais próximo: Jennifer Aniston. Assim como ela, Anniston primeiro fez sucesso na TV antes de virar a namoradinha da América nos cinemas. Só que Aniston, hoje quarentona, já está vendo a carreira que parecia promissora se afundar com uma série de papéis nada cômicos e que estão perdendo a conexão com seus fãs. Sem talento para mudar de personagem, está correndo o risco de virar mais um exemplo de uma carreira devorada por Hollywood. Em comparação, Heigl ainda tem dez anos pela frente até enfrentar o mesmo dilema da idade, mas por outro lado - de todas as citadas - foi a que  demonstrou menor versatilidade até agora. Nenhuma das suas personagens difere no menor detalhe, chega a ser assustador.
A repetição é tanta que - se ela sonha com algo além do único Emmy que conseguiu até hoje, ou seja, um Oscar -  tem que aprender rapidamente que este tipo de papel pode render bilheteria e fama, mas que é uma armadilha. A mais clássica de Hollywood, por sinal.

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