Quando uma assassina vira Rainha da Inglaterra e brilha como nunca

Antes de estrelas Killing Eve, a jovem inglesa Jodie Comer tinha feito alguns trabalhos na TV britânica. Com forte sotaque de Liverpool, onde vive até hoje, a atriz já coleciona prêmios por sua brilhante atuação como a psicopata Villanelle, incluindo um Emmy de Melhor Atriz. Ela se afastou das redes sociais em 2020, depois de ter sido "cancelada" por conta de seu relacionamento com o jogador de lacrosse James Burke, apoiador de Donald Trump. 

Divertida como a personagem, jovem e apaixonada por moda, Jodie está traçando um caminho que pode levá-la ao estrelato máximo em Hollywood. Além da quarta temporada de Killing Eve, que foi atrasada para meados ou fim de 2021, Jodie está filmando com Matt Damon e é cogitada para substituir Charlize Theron como Furiosa em Mad Max. Mas para quem não quer esperar tanto para curtir o talento dessa maravilhosa atriz, há conteúdo disponível para maratonar. Em A Princesa Branca, The White Princess, disponível no canal Starz (Amazon), Jodie interpreta a Rainha Elizabeth de York, uma personagem controversa e marcante, oposta de Villanelle e ainda assim, brilhante como ela.   


A verdadeira Elizabeth de York teve um papel crucial na história da monarquia britânica. Nascida em plena Guerra das Rosas, o conflito civil entre duas vertentes da Família Real que lutaram pelo trono inglês, Elizabeth, ou Lizzie, era destinada a ser Rainha consorte. Seus irmãos, os verdadeiros herdeiros do trono após a morte do Rei Eduardo IV, misteriosamente desapareceram na Torre de Londres, fazendo com que a mão da primogênita do rei ganhasse importância na sucessão. 

A História oficial, imortalizada por William Shakespeare, culpa o tio de Elizabeth, Ricardo III, pela morte dos príncipes e até o noivado (e romance?) com a sobrinha. A linha ricardiana, porém, que busca limpar a memória do rei chamado de vilão, discorda da versão aceita há séculos. A possibilidade de que Margaret Beaufort, mãe do marido de Elizabeth, rei Henrique VII, tenha sido a responsável pela morte dos meninos (afinal, sem eles no caminho Henrique ganhou força na luta pela Coroa) tem sido igualmente defendida. É a que a autora Philippa Gregory sugere também nos seus best-sellers sobre as mulheres da Guerra das Rosas. A Princesa Branca, The White Princess, é o terceiro livro e a base da série estrelada por Jodie.   


A série, de 2017, finalmente ficou disponível no Brasil com a distribuição do Starz, na Amazon. É a segunda temporada, a primeira, A Rainha Branca, conta a história da mãe de Lizzie e termina exatamente onde começa A Princesa Branca. Gravado no auge da febre de Game of Thrones (que é inspirada na Guerra das Rosas), a série conta com rostos conhecidos do universo de GOT, como a extremamente talentosa Michelle Fairley e Essie Davis. Mas é o carisma e charme de Jodie Comer que encantam mais uma vez.

A verdadeira Elizabeth de York foi obrigada a se casar com seu inimigo, Henrique VII, e constituir uma família com ele. Juntos eles criaram uma nova dinastia, a dos Tudor, que alcançou seu auge com a neta dela, a Rainha Elizabeth I. Isso mesmo, a Princesa Branca é a mãe de Henrique VIII. Sua história é fascinante. Nascida York, representada pela Rosa branca, Elizabeth foi crucial para encerrar o conflito de 30 anos porque além de legitimar o reinado do marido, gerou com ele filhos que eram das duas casas, Lancaster (Tudor) e York. A série conta a evolução de Lizzie como fiel à sua família até ter que optar pelo fim dos Yorks. Jodie consegue fazer com que o amadurecimento da rainha seja crível, com sutilezas que uma atriz menos talentosa não conseguiria imprimir, como o carinho pelos próprios filhos e a dor da restrição de ser mulher em um tempo medieval a fazendo escolher entre todos que ama.

  

Há uma outra curiosidade para as românticas como eu. A história de amor entre Elizabeth e Henrique VII, que é o fio condutor de A Princesa Branca e tem força na sequência, A Princesa Espanhola. Como já foi mencionado, Lizzie foi forçada a aceitar um casamento político, decidido por sua mãe, Elizabeth Woodville e a mãe de Henrique VII, Margaret Beaufort. As duas arqui-inimigas fizeram o pacto contra Ricardo III, antes da sua derrota, mas a suspeita de quem realmente mandou matar os príncipes herdeiros, irmãos de Lizzie, nunca permitiu que o conflito fosse solucionado. No entanto, no meio disso tudo, a princesa e o rei se apaixonaram verdadeiramente e viveram um romance que nenhum autor jamais conseguiu recriar na ficção. De inimigos a aliados, Lizzie e Henrique estabeleceram a dinastia Tudor. Eram apaixonados, parceiros, fiéis, carinhosos e governavam juntos. De igual. Jodie tem uma química inegável com o iniciante australiano Jacob Collins-Levy e com isso o romance não se torna piegas. Ao contrário, mesmo sabendo o final, como livros de Jane Austen, você se vê torcendo e curtindo como eles vão estabelecendo a união que foi única em toda História britânica.    
 

Em tempos de pandemia e espera para lançamentos, rever Jodie Comer em Killing Eve (Globoplay) e A Princesa Branca (Starz) é um programão. É só separar a pipoca e o vinho para acompanhar. 

Ah, fique o aviso. Se o interesse for por saber mais sobre Elizabeth de York, se puder, o melhor é tentar ver na ordem cronológica: A Rainha Branca, A Princesa Branca e A Princesa Espanhola. Fica a dica.



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