Mafalda nasceu de uma iniciativa comercial e passou a questionar a sociedade. Relembre sua história


 "Como sempre, o urgente não deixa tempo pro importante", dizia Mafalda.

No papel, a pequena Mafalda tem apenas seis anos de idade, mas sua mente inquieta questiona assuntos muito adultos e diversos, sempre sobre questões sociais e culturais. Acima de tudo, ela defende a paz no mundo. Na realidade, com 58 anos de existência, hoje (30) ela deu adeus ao seu criador, o cartunista argentino Joaquín Salvados Lavado, o Quino. Recentemente ele tinha sofrido um acidente vascular cerebral e estava em estado grave. No entanto, a causa da morte não foi divulgada. 

Mafalda é internacionalmente conhecida e já foi traduzida para mais de 30 idiomas. Inicialmente ela foi criada para o comercial de uma empresa de eletrodomésticos, Mansfield, que queria fazer um product placement em tirinhas de jornais que divulgassem a marca de uma fábrica sutilmente. A única exigência era de que o nome da personagem tivesse a inicial M, como da marca. O projeto não avançou, mas Mafalda ganhou vida. Dois anos depois, em 1964, o material não utilizado foi publicado em uma revista literária e a pequena conquistou imediatamente os leitores.  

O universo de Mafalda era o de um mundo em plena Guerra Fria, onde ela divagava sobre o capitalismo, entre outras questões. Fã alucinada dos Beatles, suas críticas eram sempre bem- humoradas. Quino tirou o nome da personagem se inspirando em um bebê de um filme Dar La Cara, que era baseado no romance homônimo de David Viñas. Ela ganhou fama depois que foi traduzida para o italiano, em 1969, com o prefácio da primeira edição assinado por Umberto Eco. Em 1973, Quino encerrou as publicações e ninguém sabe ao certo a razão. Diz a lenda que se irritou por ter que antecipar a entrega de um fechamento, isso porque as tirinhas eram muito baseadas nas notícias diárias. Quando Mafalda chegou ao aniversário de 50 anos, Quino disse que parou porque já estava se repetindo. Não que alguém tivesse reparado. Há também a questão de que Mafalda tomava muito do tempo do cartunista que preferiu ceder para sua família. Depois que deixou de ser publicada, as tirinhas de Mafalda foram usadas para promover campanhas de direitos humanos, preferencialmente.

Em 2009, Mafalda ganhou uma estátua em San Telmo, bairro boêmio de Buenos Aires, onde Quino viveu, na esquina das ruas Chile e Defensa. Ela tem 80 centímetros e foi construída pelo escultor Pablo Irrgang. Desde 2014, Mafalda ganhou a companhia de seus amigos, Manolito e Susanita


Não faltaram homenagens emocionantes à Quino. Se não bastasse tantas perdas em 2020, mais uma se cala quando mais se precisa de pensamentos inteligentes. Fará muita falta. 


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