Três diretores e o fim dos tempos

Acho que a proximidade com 2012 tem despertado em algum dos nossos melhores diretores profundas reflexões sobre o fim da vida e do mundo. Uns mais esperançosos, outros menos, mas com uma fixa idéia de que o mundo vai acabar em breve.


Clint Eastwood saiu na frente com Além da Vida. No filme, três vidas que - de uma forma ou de outra estiveram em contato com a morte - se cruzam de forma inesperada, mas inspiradora. O título deixa pouca dúvida da postura esperançosa de Eastwood para o que pode vir depois.


Terrence Mallick sempre misturou filosofia com cinema. Seus filmes incomodam os desavidados, embora não saiba como alguém ainda não saiba como é mega autoral qualquer filme dele. Acho que ter Brad Pitt no elenco engana uma parte do público. 


Enfim, com A Árvore da Vida, Mallick usa como exemplo uma família aparentemente perfeita e feliz para mostrar como a brutalidade da natureza humana  contrasta com a fé e pureza que trazemos em nós. Ele não julga, mas revela como cada um lida com esta dualidade e como em algum momento uma das características prevalece. Mais do que isso, Mallick traça nossa origem à criação do planeta como paralelo à perda da fé, da esperança e, finalmente, da própria vida. Difícil descrever as belíssimas imagens e as interpretações tocantes... É um filme sem uma trama claramente linear, mas que fica com você graças à sensibilidade do diretor.


E finalmente,  o também filosófico mas contraditório Lars Von Tiers. O diretor é louco, mas analisa como poucos a natureza humana. Melancolia é um dos seus melhores filmes sobre alegria, tristeza, amor e esperança.


A trama é relativamente simples: um planeta - Melancolia - entra em rota de colisão com a Terra e, através da visão de três pessoas com posturas diferentes, acompanhamos os últimos instantes de vida no planeta.
Kirsten Dunst é uma depressiva que finalmente encontra a paz, Charlotte Gainsbourg é sua irmã, prática e feliz, que se desespera com o fim e Kiefer Sutherland é o cunhado-marido que é realista, mas esperançoso. Quando percebe que não há nada a ser feito, bem... fica aí a 'surpresa'. O fato é que Tiers elimina a possibilidade de spoilers desde o início nos dando - literalmente - quadro a quadro o que vem à frente. É de uma poesia, um lirismo emocionante. Pesado, mas encantador. 


Assistir aos três filmes é essencial para ver um bom cinema e questionar as verdadeiras razões da nossa existência.

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